domingo, 27 de setembro de 2009

Cutting

Pegue uma lamina,arranque-a do letargo
Despida de cabelo e cabo.
Deslize-a com cuidado,não enfiando a ponta
Apenas rasgando com a linha cortante
Toda extensão do antebraço.

Cortes verticais e profundos para morte,
Cortes menores e incontáveis para descanso.
De uma dor a outra,o sangue e a marca
Permanecerão como a lembrança.

Por toda parte a hipocrisia inocente
Daquelas que não importam-se.
Mutilados olhares de comoção percorrem
Oscilações de desejos mortos.

Anseio sem orgulho pelo carinho dela,
Não almejo sequer a confiança mentida.
Mesmo a mentira para o conforto,a verdade nua
Masturba-se com sorrisos feridos.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Igualitarismo

Envelhecemos, e como os velhinhos gostamos das nossas comodidades. Tornou-se um crime ser-se mais e ter-se mais do que os outros. Devidamente privados dos entusiasmos fortes, tomámos em horror tudo o que seja poder e virilidade; a massa e o igualitarismo, são estes os nossos novos deuses. Uma vez que a massa não pode modelar-se pela minoria, que pelo menos o pequeno número se modele pela massa. A política, o drama, os artistas, os cafés, os sapatos envernizados, os cartazes, a imprensa, a moral, a Europa de amanhã, o Mundo de depois de amanhã: explosão de massa. Monstro de mil cabeças à beira dos grandes caminhos, espezinhando o que não pode engolir, invejosa, nova-rica, má. Uma vez mais, o indivíduo sucumbiu, mas não foram os seus defensores naturais os primeiros a traí-lo?


Ernst Jünger
in “A Guerra como Experiência Interior”, Ulisseia (2005).

domingo, 20 de setembro de 2009

sábado, 19 de setembro de 2009


Homem Novo

«Quando os observo a abrirem em silêncio corredores na rede de arames farpados, a escavarem escadas de assalto, a compararem relógios fosforescentes, a determinarem a direcção do norte pelas estrelas, ganho uma consciência flagrante: eis o homem novo, o sapador de assalto, o escol da Europa Central. Uma raça completamente nova, inteligente, forte, carregada de vontade. O que se descobre no combate, e surge até à luz, será amanhã o eixo de uma vida com rotação sonora e cada vez mais rápida. Não haverá sempre, como aqui, que abrir caminho entre as crateras, através do fogo e do aço, mas o passo de carga que impulsiona o acontecimento, o tempo ditado pelo ferro, continuarão imutáveis. O poente abrasado de uma era que desaparece é também uma aurora onde há que se armar para combates novos e mais duros. Longe, na retaguarda, as cidades gigantescas, os exércitos de máquinas, os impérios cujo tufão rasga os ligamentos internos, espelham o homem novo, mais intrépido, aguerrido no combate, que não se poupa nem poupa os outros. Esta guerra não é o final da violência, é apenas o seu prelúdio. É a forja onde o mundo é martelado em fronteiras novas e novas comunidades. Formas novas reclamam um sangue que as encha, e o poder quer que dele se apoderem com uma mão de ferro. A guerra é uma grande escola, e o homem novo será da nossa têmpera.»

Ernst Jünger
in “A Guerra como Experiência Interior”, Ulisseia (2005).

Antifascismo=Comunismo/Anticomunismo=Nazismo ?

"No passado, utilizou-se o antifascismo para legitimar o comunismo e o anticomunismo para legitimar o nazismo. Hoje, é a crítica ou a evocação do totalitarismo que se instrumentaliza para fazer aceitar o liberalismo ou os desgastes do mercado. Esse procedimento, causa de desespero para inúmeros indivíduos e povos que não avistam outra alternativa entre o totalitarismo e o horror, não é aceitável. Assim como as conquistas positivas de um regime totalitário não podem justificar os seus crimes, ou os crimes de um regime totalitário não podem justificar os de outros, também a recordação dos sistemas totalitários não pode fazer aceitar a sociedade actual naquilo que ela tem de mais destruidor e de mais desumanizante. Não temos o direito de aceitar uma sorte injusta sob o pretexto de que ela poderia ser pior. Os sistemas políticos devem ser julgados por aquilo que são, não por comparação com os outros, cujos defeitos atenuariam os seus. Toda a comparação deixa de ser válida quando se torna uma desculpa: cada patologia social deve ser estudada separadamente."

Amén

Decomposição deslizando pelo quarto podre; Sombras no papel de parede amarelo; em escuros espelhos se
Curva a tristeza ebúrnea de nossas mãos.
Pérolas marrons correm pelos dedos falecidos.
No silêncio
Abrem-se azuis os olhos-papoula de um anjo.

Azul é também a tarde;
O momento de nossa morte, a sombra de Azrael,
Que escurece um jardinzinho marrom.

(tradução: Cláudia Cavalcante)


Sangue

Latex,sangra em filetes que estendem-se
Nas costas nuas.
Nádegas imersas em hematomas,

Estremecem a cada golpe.
Gritos calam-se,esferas opacas
Grudam e rasgam lábios
Enquanto a saliva procura os cantos,

O pênis procura o ânus,
As mãos atam-se ao couro
Que volta a estalar entre as costelas
De duas crianças adultas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Necro romance

Uma garota frágil recosta-se em mim Ancas que prendem toda atenção,
Acaricia meu rosto cortado e sua língua
Toma minha face esquerda.

Com as pernas abertas,senta-se a mesa
Meu pescoço firme sustenta seu abraço,
Mãos passeiam e invadem toda reentrancia
Eu cuspo esperma e sangue.
Dormimos juntos agora em caixões.

domingo, 13 de setembro de 2009

Flores

Flores percorrem túmulos ao vento
Da tempestade cega que norteia sentimentos.
Da janela a poeira de estrelas e o tempo
Desperdiçado sorvendo o magma de recrudescentes decepções.

Flores para meu epitáfio,sob as letras
Declarações e matizes de amores vãos.
Esmagando-me,prensando costelas e sonhos
Flores motivam-me,delas a mais linda
Não hesita em arrastar meu corpo a cova rasa.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Penetração

Quando adentro devidamente coberto de saliva iriante,ela consegue gemer,sorrir e gritar ao mesmo tempo em que estocadas aumentam resultando em prolongadas doses de inebriantes vertigens.
Distraio-me sentindo na fricção da pele tênue o aperto que lembra um buraco escondido (vulgo intróito vaginal)envolto em panos húmidos macios enrijecidos,a cabeça de meu pênis esbarra em uma parede que lembra algo delicado como bebê,ele enverga antes de retornar quase por inteiro,viscoso e rígido ao mesmo tempo.

Ela depila-se completamente e adoro saber que a chupada não virá com pelos ou qualquer obstáculo a minha visão daquele feixe que alarga-se para os lados e freme incansável,devorador de paus,línguas,vibradores e qualquer objeto incauto.

Quero uma pompoarista como namorada,alguém que prenda minha língua ao doce recanto que nenhum outro abrigo iguala.

Moças não ejaculam,aquilo que sai depois é resto de fluidos ácidos,cuspe ou a seu próprio esperma não ser que alguma doença produza pus esbranquiçado e faça questão de expulsa-lo nos momentos de prazer.

Ela move-se inquieta,parace muito infantil assim com olhos fechados com força e segurando os seios pequenos,não aprecio tanto essa posição pois prefiro bancar o multifunção,enfiando dedos,língua e o que mais estiver ao meu alcance enquanto com êxito realizo a tarefa principal que o penis guia.

Ao mesmo tempo estremecemos e quando me retiro ainda ereto nos abraçamos no sofá que não nos acolhe por falta de mais espaço.

Egon Schiele


O Visionário

Lâmpada, não esquente.
Da parede saiu um braço magro de mulher.
Era pálido e tinha veias azuis.
Os dedos estavam carregados de preciosos anéis.
Quando beijei a mão, assustei-me:
Estava viva e quente.
Arranhou-me o rosto.
Peguei uma faca de cozinha e cortei algumas veias.
Um grande gato lambeu graciosamente o sangue do chão.
Entretanto um homem de cabelos arrepiados subiu
Por um cabo da vassoura encostado à parede.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

At the Mirror

Quem somos nós ?

"Não. Eu não estou sozinho. Embora isto não seja uma prova. Quem somos nós? Quem são os camaradas? Prostitutas, poetas, gigolôs, colecionadores de objetos perdidos, ladrões de ocasião, mandriões, amantes em meio a um abraço, loucos de Deus, bêbados, fumantes inveterados, desempregados, comilões, vagabundos, assaltantes, chantagistas, críticos, dorminhocos. Biltres. E, por instantes, todas as mulheres do mundo. Somos os rejeitados, os restolhos, os desprezados. Somos aqueles que são sem trabalho, inaptos ao trabalho, aqueles que recusam o trabalho. Não queremos trabalhar, porque é devagar demais. Somos imunes à doutrina do progresso; para nós, ele não existe. Acreditamos no milagre... acreditamos que nossos corpos, de repente, sejam devorados em chamas pelo espírito ardente... Procuramos raios de fogo na nossa memória, a vida toda... atropelamo-nos atrás de toda cor, queremos invadir espaços alheios, queremos penetrar em corpos estranhos... O que importa, agora, é o movimento. A intensidade e a vontade de catástrofe".

Suicida

Despeja a fonte falo ocasional,
Evola-se a fumaça parda de um segredo,
Despido o veu da inocencia lançado sob a tempestade,
Somos dois e o vazio envolvente da carícia
Não redimirá o pranto que marca um outro dia.

A fuga mais querida e ferida mais branda
É a que sangra até o final,tolda a lágrima e beleza,
Da tristeza outonal no virginal sorriso devasso
Descansa nas sendas do sombrio vale.

Na janela eu suicida errante na tarde pálida
Permito que um vislumbre de relance toque a esperança,
A súplica apodrecida no silêncio da passagem
Entenebrece nosso último abraço apaixonado.

A morte é a lembrança de um arrependimento
A ausência eterna da palavra não dita,
O esquecimento em menosprezo merecido acima da memória
Corta minhas veias de ponta a ponta em cada braço.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Criança Morta

A carícia é o sopro mortuário
Vindo de abuso e desperdício.
Todo tempo roubado,todo tempo não assumido
Apodrece conosco.

O dissoluto lamento,lascivo encanto
Perpétuo no caminho do rosto lívido.
Próximo a palavra,teu carinho ausente
Marca a promessa de memória abatida.

Há uma criança,e nas mãos delicadas
Filetes de sangue,esperma bruto e sonhos.
Próximo ao átrio fúnebre de olhos plácidos
O brilho roubado em noites não findadas.
Canto para escapar do letargo
Apenas a lágrima acumula-se.
Incito o retorno do outrora estrénuo lampejo

De esperança que hoje esbatida não alcança-me.
O áspero lamento do abandono
Ressoa firme,vomito espalha-se dissoluto
Nos túmulos de amores e presságios
Entre flores e frustrações cancerígenas.

No espelho encaro novamente a criança,
Longíqua,vazia,o delgado reflexo infantil
De todo potencial desperdiçado.
Inflamado e decomposto,
Servindo de mortalha ao espírito que desiste
Solitário e langue,sem ajuda.

GG Allin

De rótulos e hipocrisia

"Disse-se já que as palavras-chave do vocabulário direitista teriam sido desacreditadas pelos fascismos. Diremos, antes, que se esse descrédito foi sabiamente construído e mantido por facções especialistas e especializadas na difusão de mitos incapacitantes e culpabilizantes. É necessário que sejamos muito claros neste caso. Aqui, não nos encontramos em presença de uma análise, mas de uma propaganda. Consiste esta propaganda em assimilar ao «fascismo» toda e qualquer doutrina de direita que se afirme com algum vigor e, como corolário, a definir apenas como «democráticos» os regimes que concebam a liberdade sob a forma de um «deixa andar» de qualquer forma estatutário, como indispensável, aos empreendimentos revolucionários da extrema-esquerda. Por extensão, esta assimilação exerce-se restrospectivamente. É assim que vemos (…) afirmar que a obra de Gobineu está «do lado do crime» — o que é mais ou menos tão inteligente como acusar Jean-Jaques Rousseau de ser totalmente responsável pelo Goulag. A nossa sociedade oferece, assim, o espantoso espectáculo de uma direita que se não pode afirmar como tal sem se ver taxada de «fascismo», e de uma esquerda e de uma extrema-esquerda que a qualquer momento se podem dizer como socialistas, marxistas ou comunistas, afirmando sempre, claro está, que as suas doutrinas nada têm a ver com o estalinismo, nem, aliás, com qualquer forma de socialismo historicamente realizado. Ora, se os seguidores das diversas variedades de socialismo se não sentem comprometidos por qualquer das experiências concretas que os precederam — e nomeadamente pelas mais criminosas de entre elas — não vejo por que razão a direita moderna, que afasta totalmente de si qualquer vocação totalitária, terá de bater com a mão no peito e justificar-se. Frente ao prodigioso descaramento dos partidários de uma doutrina em nome da qual se massacraram já mais de 50 milhões de pessoas e que nem por isso deixam de se apresentar com a mão sobre o coração e rosa em punho como sendo os grandes defensores da liberdade, que a direita responda com uma grande gargalhada libertadora — e que prossiga o seu caminho."

Alain de Benoist


in "Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981, pp. xxv-xxvi.

De Profundis

Há um restolhal, onde cai uma chuva negra.
Há uma árvore marrom;ali solitária.
Há um vento sibilante, que rodeia cabanas vazias.
Como é triste o entardecer
Passando pela aldeia
A terra órfã recolhe ainda raras espigas.
Seus olhos arregalam-se redondos e dourados no crepúsculo,
E seu colo espera o noivo divino.
Na volta
Os pastores acharam o doce corpo
Apodrecido no espinheiro.
Sou uma sombra distante de lugarejos escuros.
O silêncio de Deus
Bebi na fonte do bosque.
Na minha testa pisa metal frio
Aranhas procuram meu coração.
Há uma luz, que se apaga na minha boca.
À noite encontrei-me num pântano,
Pleno de lixo e pó das estrelas.
Na avelãzeira
Soaram de novo anjos cristalinos.
(tradução: Cláudia Cavalcante)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ernst Röhm

Infante Morta e Uma Cabeça Cortada

Uma cabeça rola aos meus pés,
Sua língua negra pende de lábios mármoreos,
Percebi a clara intenção de livrar-se d`alma outrora,
Nos olhos vítreos o relâmpago vago.

O convite das pernas acima da lousa muda,
O brumo lácteo que sorve o canto da boca,
Seios mais que rijos na qualidade serena
Estancam o pendente ardor do espírito.

Um corpo gélido acalenta pleno prazer,
Entro despudorado e romantico resvalo no pus,
Segurando as coxas de veias expostas o azul de letargo e rigor,
Nos meus ombros sustentam-se com carinho.
Na moldura perfeita e completa,vaginal necrose.

Quando o falo retorcido em espasmo
Lateja e cospe na ferida e consome
O intento mais nobre pelo cadáver infante
Esperma fluido dilui-se, urina e sangue.

A cabeça desta ainda mantém-se digna
D`outra,a decepada,rola ainda estranha,
Que importa um escalpo vulgar quando a criança padece em eterno sono
Pronta para saciar outro egrégio momento
De estocada e beijos acima do lascivo sonho ?

Comparações

"No passado, utilizou-se o antifascismo para legitimar o comunismo e o anticomunismo para legitimar o nazismo. Hoje, é a crítica ou a evocação do totalitarismo que se instrumentaliza para fazer aceitar o liberalismo ou os desgastes do mercado. Esse procedimento, causa de desespero para inúmeros indivíduos e povos que não avistam outra alternativa entre o totalitarismo e o horror, não é aceitável. Assim como as conquistas positivas de um regime totalitário não podem justificar os seus crimes, ou os crimes de um regime totalitário não podem justificar os de outros, também a recordação dos sistemas totalitários não pode fazer aceitar a sociedade actual naquilo que ela tem de mais destruidor e de mais desumanizante. Não temos o direito de aceitar uma sorte injusta sob o pretexto de que ela poderia ser pior. Os sistemas políticos devem ser julgados por aquilo que são, não por comparação com os outros, cujos defeitos atenuariam os seus. Toda a comparação deixa de ser válida quando se torna uma desculpa: cada patologia social deve ser estudada separadamente."


Alain de Benoist

in "Comunismo e Nazismo: 25 reflexões sobre o totalitarismo no século XX (1917-1989)", Hugin Editores (1999)

Lábios...


http://www.imagebam.com/gallery/fbddc0658dff2fa3ef5b4970d67c1228/


(Clique no título da postagem e acesse a página contendo a galeria)

A Puta Cansada

A puta cansada repousa em meus braços,

Esperma alheio corrompe sua lágrima,
Sarcoma de Kaposi conquista as costas
Amargas e solitárias na deselegante mácula.

Eu não posso ajudar,detenho a marca de proscrito,
Acima do rito,da cinza e do grito,
Escorre comigo o brado etéreo do estupro mítico,
Enleio enternecedor consumindo a luz.

A puta cansada com pulsos cortados,
Não o estereótipo ou atenção,desapego e falta,
A ferida aberta,os vasos esxpostos na frieza lívida,saborosa,
Acobertam com sangue imundo nosso romance terminado.

Urbano

A nuvem engole a cidade,
Na torre o gástrico enterro.
Cinzas devoram os olhos da janela
Uma larva enfastiada cospe seus filhos.

Nem o enleio nevoento da tempestade
Consome a langue calma do gesto em silêncio.
O céu plano torna-se negro e profundo
Feito o lago refletido no infinito pesar.

O egrégio mancebo enlouquece
Em quimérico desalento selvagem o brado escapa
E no sino ecoando dentes trespassam
Membros rotos de crianças mortas.