segunda-feira, 26 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

I found myself in your-force






Espelho

Sou prata e exato. Eu não prejulgo. O que vejo engulo de imediato
Tal qual é, sem me embaçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente veraz —
O olho de um deusinho, de quatro cantos.
O tempo todo reflito sobre a parede em frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto
Que a sinto parte de meu coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.

Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,
Buscando em domínios meus o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o lustre e a lua.
Vejo suas costas e as reflito fielmente.
Ela me paga em choro e agitação de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã sua face reveza com a escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrendo.



(tradução de Vinicius Dantas)

La Philosophie dans le Boudoir 1795 (Anônimo)


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

James Cristopher






Por uma Historiografia de Direita

A propósito de considerações sobre o significado europeu que pode ser atribuído a Donoso Cortés, interessante figura de homem político e de pensador espanhol, cujas actividades se situam no período dos primeiros movimentos revolucionários e socialistas da Europa, Carl Schmitt, conhecido historiador alemão, salientou o seguinte: embora, desde então, as esquerdas tenham elaborado sistematicamente e aperfeiçoado uma historiografia própria como fundamento geral da sua acção destrutiva, nada de semelhante se verificou no campo oposto, isto é, no campo da Direita, no seio da qual tudo se reduziu a alguns ensaios esporádicos, que em nada são comparáveis, pela coerência, pelo radicalismo e pela largueza de horizontes, àquilo que, desde há muito, propõem o Marxismo e a Esquerda em semelhante domínio.
Esta observação é em grande parte justa. Com efeito, a única história, conhecida universalmente e com autoridade, à excepção da história de inspiração marxista, tem essencialmente natureza e origens liberais, iluministas e maçónicas. Refere-se às ideologias do Terceiro Estado, que apenas serviram para preparar o terreno aos movimentos radicalizantes de esquerda, já que os seus fundamentos são essencialmente antitradicionais. Uma historiografia de Direita espera ainda a vez de ser escrita: o que constitui um sinal de inferioridade em relação às ideologias e à acção agitadora das esquerdas. De modo mais particular, nem mesmo a história corrente, de orientação patriótica, pode suprir esta lacuna, pois, fora dos seus possíveis cambiantes nacionais e das evocações comovidas de acontecimentos e de figuras heróicas, ela própria se ressente, e em larga conta, das sugestões de um pensamento que não é de modo algum o pensamento de uma Direita, e, sobretudo, porque não pode suportar a comparação, quanto à largueza de horizontes, com a historiografia de esquerda.

Eis o ponto fundamental.

De facto, somos obrigados a reconhecer que a historiografia de esquerda soube abranger as dimensões essenciais da História: para lá dos conflitos e das perturbações políticas episódicas, para lá da história das nações, soube descobrir o processo geral e essencial que se realizou durante os últimos séculos, no sentido da passagem de um tipo de civilização e de sociedade a outro. Que a base da interpretação tenha sido, a esse respeito, constituída pela economia e pelas classes, isso nada tira à amplitude do programa que foi traçado por esta historiografia, a qual, como realidade essencial para lá do contingente e do particular, nos indica, no curso da História, o fim da civilização feudal e aristocrática, o aparecimento da civilização burguesa, liberal, capitalista e industrial, e, depois desta, o anúncio e o começo da realização de uma civilização socialista, marxista e, finalmente, comunista. Aqui, a revolução do Terceiro Estado e a do Quarto Estado são reconhecidas no seu encadeamento natural, causal e táctico. A ideia de processos pré-estabelecidos, para os quais, sem querer nem saber, contribuíram os egoísmos mais ou menos "sagrados" dos povos, as rivalidades e as ambições daqueles que pensaram "fazer a história" sem sair do domínio do particular, tal é a ideia que devemos tomar em consideração. Por isto estudamos as transformações de conjunto e a estrutura social e da civilização, que são o efeito directo do jogo das forças históricas, relegando com exactidão a história das nações para a simples fase "burguesa" do desenvolvimento geral: com efeito as “nações” só apareceram na história, como sujeito desta, a partir da revolução do Terceiro Estado, e como sua consequência.

Comparada à historiografia de esquerda, a historiografia que é própria a outras tendências aparece pois superficial, episódica, a duas dimensões, até mesmo frívola. Uma historiografia de Direita deveria abranger os mesmos horizontes que a historiografia marxista, com a vontade de apreender o real e o essencial do processo histórico, que se desenrolou no curso dos últimos séculos, fora dos mitos, das superestruturas e também da crónica vulgar. Isto, naturalmente, invertendo os sinais e as perspectivas: isto é, vendo, nos processos essenciais e convergentes da história mais recente, não as fases de um progresso político e social, mas as de uma subversão geral. É evidente que as premissas económico-materialistas deveriam ser igualmente eliminadas, reconhecendo como simples ficções o homo oeconomicus e o presumível determinismo inexorável dos diversos sistemas da produção.

Forças bem mais vastas, profundas e complexas, agiram e agem na história. Quanto aos detalhes, o mito do "comunismo primordial" é também ele rejeitado por aí opor, para as civilizações que precederam as de tipo feudal e aristocrático, a ideia de organizações, de preferência baseadas num principio de pura autoridade espiritual, sacral e tradicional. Mas, à parte isto - repitamo-lo -, uma historiografia de Direita reconhecerá, não menos do que a de esquerda, a sucessão ou o encadeamento de fases distintas gerais e supranacionais, as quais conduziram regressivamente até à desordem e às perturbações actuais: tal será, para ela, a base de interpretação dos factos particulares e das mudanças, sem nunca deixar de estar atenta aos efeitos produzidos por estes últimos no quadro social.

É impossível indicar aqui, nem mesmo à força de exemplos, toda a fecundidade de um tal método e a luz insuspeitada que projectaria sobre muitos acontecimentos. Os conflitos político religiosos da Idade Média imperial, a constante acção cismática da França, as relações entre a Inglaterra e a Europa, o verdadeiro sentido das “conquistas” da Revolução Francesa, e assim por diante, até episódios de interesse particular, a Itália como o rosto efectivo da revolta das comunas, o duplo aspecto do "Risorgimento" italiano, enquanto movimento nacional, accionado no entanto por ideologias do Terceiro Estado, o significado da Santa Aliança e os esforços de Metternich - o último grande europeu - , o significado da primeira guerra mundial com a acção de contragolpe das suas ideologias, a discriminação entre o positivo e o negativo nas revoluções nacionais, que se afirmaram ontem na Itália e na Alemanha, e assim por diante, até chegar, finalmente, a uma visão conforme à realidade nua das verdadeiras forças, hoje em luta pelo domínio do mundo: eis uma escolha de argumentos sugestivos, entre tantos outros, aos quais se poderá consagrar a historiografia de Direita, para assim revolucionar os pontos de vista que o maior número está habituado a ter em tudo isto pelo efeito de uma historiografia de orientações opostas, e para agir de modo esclarecedor.

Uma historiografia assim concebida, e visando portanto o universal, encontrar-se-ia de modo muito particular à altura dos tempos, se é verdade que, por efeito de processos objectivos irreversíveis, cada vez se perfilam mais, hoje em dia, agrupamentos que não são apenas constituídos por unidades étnicas e políticas, particulares e fechadas. Infelizmente, esta historiografia desejada corresponderia unicamente a um aumento de conhecimentos. No estado actual das coisas, só dificilmente poderíamos esperar dela uma eficácia também prática, na perspectiva de uma acção decidida, de uma luta global e inexorável contra as forças que estão quase a derrubar o pouco que resta da verdadeira tradição europeia. Seria preciso, com efeito, que existisse, como contrapartida, uma Internacional de Direita, organizada e munida de um poder comparável ao da Internacional comunista. Ora sabe-se infelizmente que, devido à carência de homens dotados de uma grande elevação espiritual e de uma autoridade suficiente, devido ainda à prevalência de interesses partidários e de pequenas ambições, devido também a uma falta de verdadeiros princípios, e sobretudo de uma falta de coragem intelectual, não foi possível, até agora, constituir um governo unitário de Direita, nem mesmo só na Itália, e só nos tempos recentes foi possível ver anunciarem-se iniciativas neste sentido.


Reflexão de Julius Evola publicada na revista "Éxil", com tradução de Maria Braga.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Gimps gone wild




O site oferece ensaios eróticos de deficientes físicos( homens e mulheres ).Dá para conferir um pouco das fotos em algumas imagens gratuitas.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Walter Richard Rudolf Hess



O Combate (Le Combat) Oil on Panel 8" x 12"




Luminosidade

Não mais que o anjo tombado em crepúsculo sempiterno.

A sisuda fronte do sentimento vago formando-se.
Jaz podre em amor meu sonho antigo,o motivo e a súplica.
Eu caminho sonâmbulo.
Próximo a lembrança ejaculo dor e magma
Sou a estrela morta apodrecendo para sempre.

Amor desperdiçado

Mecânico,automático,dopado
Abusado e vazio,pus espremido entre conjunturas
E palavras desprovidas do sentido original
Das nossas vidas apodrecidas,
O significado verdadeiro continua.

Em toda parte atravesso os mesmo olhos.
De mágoas e frustrações infindáveis,a semelhante hipocrisia.
A convenção,a norma comportamental e o orgasmo.
O fracasso e o sentimento artificial como a solução final
Contando costelas deformadas em pilhas de interesses escusos.

O sentimento percorre-me,injusto e ingrato,
Eu insisto em exânime amar aquelas mulheres
Que consomem escalpos de egocentrismo em fruição solidária.
Do estroina ao misantropo maior,as palavras de apoio inexistente...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

The Bra of Joan Miró, New Mexico, 1982



Prazeres orais

Cavalgo sem cela quando posso não quando quero pois não alimento a ilusão de que tudo depende apenas de nossa vontade ou merecimento,por ora,alguém sem feridas que engula minha lança e devolva parece um ótimo plano,o destino é o gozo nas cavidades internas de lábios ornamentados,sim,os de cima,refiro-me também  ao prêmio oferecido entre as bem torneadas pernas que serão erguidas acima de meus ombros e por eles sustentadas,mas os lábios de cima primeiro.


Afinal a boca surge antes que as cortinas e montes de baixo apresentem-se,a uretra arde agradavelmente com a sucção refrescante e a língua atrevida de um rosto sem nome mergulhando entre minhas pernas enquanto dedos rígidos brincam no meu saco,apertando-o e formando bolas que alternam o tamanho.

Em alguns momentos ela o deixa completamente por fora,para lamber dos lados,entre a pele fina que desponta do canal por onde ejaculo.O pau humedecido lateja e dói dentro do abrigo quente com dentes pequenos e muito cuspe,além do aroma de alguma bebida gelada,é como se meu penis aumentasse e diminuísse sem mudar de forma ,é massageado por lábios macios...Parece que o gozo virá a qualquer momento e esta é a melhor parte,o modo como o prazer é prolongado pela sensação de antecipação tátil,palpável,certa.

domingo, 4 de outubro de 2009


Amor satisfeito.

Uma noite a mais que não termina esbatida em lamento e tensão, estou satisfeito temporariamente com o pequeno orgasmo do presente crepúsculo. Um rápido movimento de hábeis mãos e o cinto perdido escondeu-se no sofá, não precisei mover mais que a língua deixando por conta dela todo trabalho pesado atado a suas pernas fortes e firmes, a pele suada e cintura balouçante de enigma juvenil promíscuo, perfume de jasmim,fanatismo com prazo de validade.

O mesmo abraço demorado junto ao portão estreito e as mentiras amorosas tão necessárias massageando meu ego, sou como o super homem fora da cadeira de rodas.

A brisa noturna e o cheiro das prostitutas na cidade sem retoques, luzes estouram em meus olhos cansados mas atentos,uma reta,carros ébrios e prédios deteriorados no Centro da turística violação enganosa.

Caminho um bom tempo até descansar junto a uma parede qualquer, dois viciados brigam por um pacote de conteúdo criminoso,um deles corre e de perto é seguido pelo adversário que apresenta demasiado vigor para um monte de ossos e sujeira.Acendo um cigarro e olho sem enxergar as horas em um grande relógio e suas propagandas inúteis.

Não existem estrelas e todo glamour foi afastado em sono eterno, a sós com a reflexão que atraiçoa o sorriso tênue que ostento orgulhoso em segredo, ainda tenho um longo caminho até em casa com café e teatro a espera do filho pródigo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009