A carícia é o sopro mortuário
Vindo de abuso e desperdício.
Todo tempo roubado,todo tempo não assumido
Apodrece conosco.
O dissoluto lamento,lascivo encanto
Perpétuo no caminho do rosto lívido.
Próximo a palavra,teu carinho ausente
Marca a promessa de memória abatida.
Há uma criança,e nas mãos delicadas
Filetes de sangue,esperma bruto e sonhos.
Próximo ao átrio fúnebre de olhos plácidos
O brilho roubado em noites não findadas.
Canto para escapar do letargo
Apenas a lágrima acumula-se.
Incito o retorno do outrora estrénuo lampejo
De esperança que hoje esbatida não alcança-me.
O áspero lamento do abandono
Ressoa firme,vomito espalha-se dissoluto
Nos túmulos de amores e presságios
Entre flores e frustrações cancerígenas.
No espelho encaro novamente a criança,
Longíqua,vazia,o delgado reflexo infantil
De todo potencial desperdiçado.
Inflamado e decomposto,
Servindo de mortalha ao espírito que desiste
Solitário e langue,sem ajuda.
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