sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Na noite, no silêncio...

Na noite, no silêncio...
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza, dentro de mim, te procura.

...



(Excerto do poema «Tríptico», publicado em A Colher na Boca, 1961)

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