domingo, 31 de janeiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Calígula
Ainda criança, cometeu incesto, provavelmente precedido de violência, com uma de suas
irmãs, Drusila, a quem ficou devotado, à sua maneira, por todo o resto da vida dela. É uma
questão em aberto saber se esse incesto terá sido causa ou resultado do seu desequilíbrio
mental; mas do que não restam dúvidas é que ele foi, durante a maior parte do seu reinado,
uma cabeça completamente oca.
Ao falecer Drusila, publicou um decreto declarando crime de pena capital alguém, fosse
quem fosse, rir, banhar-se ou tomar refeições com os pais, o cônjuge ou os filhos, duranteaquele luto oficial.
Não amou as restantes irmãs, antes as prostituía a quem entendia fazê-lo. Na sua vida
sexual, tal como na pública, revelava um forte componente sadístico. Se uma mulher lhe
despertava interesse, afastava-a do marido sem a menor hesitação; como foi o caso com
uma certa Paulina, que ele chamou a si desse modo e, depois de se servir dela durante um
breve período, mandou-a embora, proibindo-lhe, sob pena de morte, que jamais tivesse
outra vez relações sexuais com quem quer que fosse. Exibiu Cesónia, ”que nem era bonita
nem jovem”, inteiramente nua diante dos amigos, só a desposando quando ela já estava
perto de dar à luz um filho dele.
Tanto aos criminosos comuns, como a toda a população romana em geral, infligia as
crueldades físicas e mentais que lhe ditava o seu cérebro mais do que semialienado. Aos
criminosos já julgados e sentenciados, atirava-os para pasto dos leões; e ninguém estava
livre do constante perigo de morrer sob tortura, nem mesmo os cortesãos que o cercavam.
Certa vez, num banquete, subitamente desatou numa desmedida gargalhada e, quando os
cônsules que estavam próximos dele polidamente inquiriram o motivo daquela hilaridade,
respondeu-lhes: ”É que se eu tivesse feito apenas um único sinal de cabeça, poderia tervos
degolado a todos, aqui mesmo.” Combinava um misto de infantilidade e diabólico
requinte, nas torturas que aplicava, particularmente tratando-se de acrescentar agonia
mental à dor física. Fazia questão de que se procedessem às inquisições pelos tratos em
sua presença, estando ele a banquetear-se e, duma vez em que, num jantar, foi apanhado
um escravo em acto de furtar uma peça de prata, ordenou Calígula que se cortassem as
mãos ao ladrão e lhas pendurassem ao pescoço, juntamente com um cartaz em que se
esclarecia a razão daquele castigo e assim fosse o supliciado feito percorrer todo o salão.
Nos banquetes, convidava para junto de si as mulheres que cobiçasse, tendo sempre o
cuidado de convidar também os respectivos maridos, ao mesmo tempo, e então, ao
passarem elas aos pés do seu leito, ”ele as examinava de alto a baixo, de modo
discriminativo e acintoso, como se estivesse a comprar escravos, chegando até a estender
a mão para fazer erguer o rosto de quem quer que o houvesse baixado pudicamente; em
seguida, sempre que lhe dava na veneta, deixava a sala e mandava que lhe levassem aquela
que lhe agradara mais, voltando pouco depois, com evidentes sinais exteriores na sua
pessoa do que se teria passado e, inclusive, emitindo comentários ou críticas sobre a
comparte, passando em revista os encantos ou as deficiências, dela, bem como a
intensidade das suas reacções. A algumas delas, mandava declarações de divórcio em nome dos
maridos ausentes, fazendo constar tais documentos dos registos públicos... quase não
havia uma só mulher de alta condição da qual ele não se aproximasse”.
Burgo Partridge in HISTÓRIA DAS ORGIAS
(Tradução de Leonel Cândido Silva Phébo)
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Nascidos para mentir
Quem, emancipado de todos os princípios de costume, não dispusesse de nenhum dom de comediante, seria o arquétipo do infortúnio, o ser idealmente desgraçado. É inútil construir tal modelo de franqueza: a vida só é tolerável pelo grau de mistificação que se põe nela. Tal modelo seria a ruína da sociedade, pois a “doçura” de viver em comum reside na impossibilidade de dar livre curso ao infinito de nossos pensamentos ocultos. É porque somos todos impostores que nos suportamos uns aos outros. Quem não aceitasse mentir veria a terra fugir sob seus pés: estamos biologicamente obrigados ao falso. Não há herói moral que não seja ou pueril, ou ineficaz, ou inautêntico; pois a verdadeira autenticidade é o aviltamento na fraude, no decoro da adulação pública e da difamação secreta. Se nossos semelhantes pudessem constatar nossas opiniões sobre eles, o amor, a amizade, o devotamento seriam riscados para sempre dos dicionários; e se tivéssemos a coragem de olhar cara a cara as dúvidas que concebemos timidamente sobre nós mesmos, nenhum de nós proferiria um “eu” sem envergonhar-se. A dissimulação arrasta tudo o que vive, desde o troglodita até o cético. Como só o respeito das aparências nos separa dos cadáveres, precisar o fundo das coisas e dos seres é perecer; conformemo-nos a um nada mais agradável: nossa constituição só tolera uma certa dose de verdade...
Guardemos no fundo mais profundo de nós mesmos uma certeza superior a todas as outras: a vida não tem sentido, não pode tê-lo. Deveríamos nos matar imediatamente se uma revelação imprevista nos persuadisse do contrário. Se o ar desaparecesse, respiraríamos ainda; mas sufocaríamos no mesmo instante se nos fosse roubada a alegria da inanidade...
Emil Cioran in Breviário da Decomposição
Guardemos no fundo mais profundo de nós mesmos uma certeza superior a todas as outras: a vida não tem sentido, não pode tê-lo. Deveríamos nos matar imediatamente se uma revelação imprevista nos persuadisse do contrário. Se o ar desaparecesse, respiraríamos ainda; mas sufocaríamos no mesmo instante se nos fosse roubada a alegria da inanidade...
Emil Cioran in Breviário da Decomposição
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
O Professor Filósofo
De todas as ciências que se inculca na cabeça de uma criança quando se trabalha em sua educação, os mistérios do cristianismo, ainda que uma das mais sublimes matérias dessa educação, sem dúvida não são, entretanto, aquelas que se introjetam com mais facilidade no seu jovem espírito. Persuadir, por exemplo, um jovem de catorze ou quinze anos de que Deus pai e Deus filho são apenas um, de que o filho é consubstancial com respeito ao pai e que o pai o é com respeito ao filho, etc, tudo isso, por mais necessário à felicidade da vida, é, contudo, mais difícil de fazer entender do que a álgebra, e quando queremos obter êxito, somos obrigados a empregar certos procedimentos físicos, certas explicações concretas que, por mais que desproporcionais, facultam, todavia, a um jovem, compreensão do objeto misterioso.
Ninguém estava mais profundamente afeito a esse método do que o abade Du Parquet, preceptor do jovem conde de Nerceuil, de mais ou menos quinze anos e com o mais belo rosto que é possível ver.
- Senhor abade, - dizia diariamente o pequeno conde a seu professor - na verdade, a consubstanciação é algo que está além das minhas forças; é-me absolutamente impossível compreender que duas pessoas possam formar uma só: explicai-me esse mistério, rogo-vos, ou pelo menos colocai-o a meu alcance.
O honesto abade, orgulhoso de obter êxito em sua educação, contente de poder proporcionar ao aluno tudo o que poderia fazer dele, um dia, uma pessoa de bem, imaginou um meio bastante agradável de dirimir as dificuldades que embaraçavam o conde, e esse meio, tomado à natureza, devia necessariamente surtir efeito. Mandou que buscassem em sua casa uma jovem de treze a catorze anos, e, tendo instruído bem a mimosa, fez com que se unisse a seu jovem aluno.
- Pois bem, - disse-lhe o abade - agora, meu amigo, concebas o mistério da consubstanciação: compreendes com menos dificuldade que é possível que duas pessoas constituam uma só?
- Oh! meu Deus, sim, senhor abade, - diz o encantador energúmeno - agora compreendo tudo com uma facilidade surpreendente; não me admira esse mistério constituir, segundo se diz, toda a alegria das pessoas celestiais, pois é bem agradável quando se é dois a divertir-se em fazer um só.
Dias depois, o pequeno conde pediu ao professor que lhe desse outra aula, porque, conforme afirmava, algo havia ainda “no mistério” que ele não compreendia muito bem, e que só poderia ser explicado celebrando-o uma vez mais, assim como já o fizera. O complacente abade, a quem tal cena diverte tanto quanto a seu aluno, manda trazer de volta a jovem, e a lição recomeça, mas desta vez, o abade particularmente emocionado com a deliciosa visão que lhe apresentava o belo pequeno de Nerceuil consubstanciando-se com sua companheira, não pôde evitar colocar-se como o terceiro na explicação da parábola evangélica, e as belezas por que suas mãos haviam de deslizar para tanto acabaram inflamando-o totalmente.
- Parece-me que vai demasiado rápido, - diz Du Parquet, agarrando os quadris do pequeno conde muita elasticidade nos movimentos, de onde resulta que a conjunção, não sendo mais tão íntima, apresenta bem menos a imagem do mistério que se procura aqui demonstrar... Se fixássemos, sim... dessa maneira, diz o velhaco, devolvendo a seu aluno o que este empresta à jovem.
- Ah! Oh! meu Deus, o senhor me faz mal - diz o jovem - mas essa cerimônia parece-me inútil; o que ela me acrescenta com relação ao mistério?
- Por Deus! - diz o abade, balbuciando de prazer - não vês, caro amigo, que te ensino tudo ao mesmo tempo? É a trindade, meu filho... é a trindade que hoje te explico; mais cinco ou seis lições iguais a esta e serás doutor na Sorbornne.
Ninguém estava mais profundamente afeito a esse método do que o abade Du Parquet, preceptor do jovem conde de Nerceuil, de mais ou menos quinze anos e com o mais belo rosto que é possível ver.
- Senhor abade, - dizia diariamente o pequeno conde a seu professor - na verdade, a consubstanciação é algo que está além das minhas forças; é-me absolutamente impossível compreender que duas pessoas possam formar uma só: explicai-me esse mistério, rogo-vos, ou pelo menos colocai-o a meu alcance.
O honesto abade, orgulhoso de obter êxito em sua educação, contente de poder proporcionar ao aluno tudo o que poderia fazer dele, um dia, uma pessoa de bem, imaginou um meio bastante agradável de dirimir as dificuldades que embaraçavam o conde, e esse meio, tomado à natureza, devia necessariamente surtir efeito. Mandou que buscassem em sua casa uma jovem de treze a catorze anos, e, tendo instruído bem a mimosa, fez com que se unisse a seu jovem aluno.
- Pois bem, - disse-lhe o abade - agora, meu amigo, concebas o mistério da consubstanciação: compreendes com menos dificuldade que é possível que duas pessoas constituam uma só?
- Oh! meu Deus, sim, senhor abade, - diz o encantador energúmeno - agora compreendo tudo com uma facilidade surpreendente; não me admira esse mistério constituir, segundo se diz, toda a alegria das pessoas celestiais, pois é bem agradável quando se é dois a divertir-se em fazer um só.
Dias depois, o pequeno conde pediu ao professor que lhe desse outra aula, porque, conforme afirmava, algo havia ainda “no mistério” que ele não compreendia muito bem, e que só poderia ser explicado celebrando-o uma vez mais, assim como já o fizera. O complacente abade, a quem tal cena diverte tanto quanto a seu aluno, manda trazer de volta a jovem, e a lição recomeça, mas desta vez, o abade particularmente emocionado com a deliciosa visão que lhe apresentava o belo pequeno de Nerceuil consubstanciando-se com sua companheira, não pôde evitar colocar-se como o terceiro na explicação da parábola evangélica, e as belezas por que suas mãos haviam de deslizar para tanto acabaram inflamando-o totalmente.
- Parece-me que vai demasiado rápido, - diz Du Parquet, agarrando os quadris do pequeno conde muita elasticidade nos movimentos, de onde resulta que a conjunção, não sendo mais tão íntima, apresenta bem menos a imagem do mistério que se procura aqui demonstrar... Se fixássemos, sim... dessa maneira, diz o velhaco, devolvendo a seu aluno o que este empresta à jovem.
- Ah! Oh! meu Deus, o senhor me faz mal - diz o jovem - mas essa cerimônia parece-me inútil; o que ela me acrescenta com relação ao mistério?
- Por Deus! - diz o abade, balbuciando de prazer - não vês, caro amigo, que te ensino tudo ao mesmo tempo? É a trindade, meu filho... é a trindade que hoje te explico; mais cinco ou seis lições iguais a esta e serás doutor na Sorbornne.
Mulher decadente ou virilidade inexistente ?
«Depois de acusarmos a decadência da mulher moderna, não podemos esquecer que o homem é o primeiro responsável por essa decadência. Tal como a plebe nunca teria podido irromper em todos os domínios da vida social e da civilização se tivessem existido verdadeiros reis e verdadeiros aristocratas, igualmente numa sociedade dirigida por homens verdadeiros nunca a mulher teria querido e podido tomar o caminho por que hoje está a avançar. Os períodos em que a mulher alcançou autonomia e predominância têm quase sempre coincidido com épocas de evidente decadência de civilizações mais antigas. Assim, a verdadeira reacção contra o feminismo e contra todos os outros desvios femininos não é contra a mulher, mas sim contra o homem que se deveria orientar. Não se pode exigir que a mulher volte a ser mulher a ponto de se restabeleceram as condições interiores e exteriores necessárias à integração de uma raça superior, quando o homem já não conhece mais que um simulacro da virilidade.»
Julius Evola in "Revolta Contra o Mundo Moderno", Publicações Dom Quixote (1989)
Julius Evola in "Revolta Contra o Mundo Moderno", Publicações Dom Quixote (1989)
sábado, 9 de janeiro de 2010
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Problemática dos sexos
"Nas sociedades europeias antigas, a problemática dos sexos não era vivida como conflito porque essas sociedades reconheciam à mulher uma função social específica. Esta função, de carácter privado, não era considerada como menos preciosa nem menos fundamental que aquela, de carácter público, que era assumida pelo homem. Ora, hoje, esta função social já não existe porque ela foi tomada a cargo pela colectividade. O Estado, dotado de prerrogativas sócio-económicas novas, encarrega-se a si mesmo cada vez mais da educação das crianças e da segurança das pessoas. A mulher encontra-se assim despojada das prerrogativas educativas e «tranquilizantes» que, outrotra, eram colocadas sob a sua responsabilidade. Assim, ela é levada «a libertar-se» de um lar que se tornou uma espécie de concha vazia — e onde ela já não tem papel a desempenhar. E como a função social masculina, apesar de se transformar, se manteve, a única possibilidade para a mulher de reassumir responsabilidades é procurar assumir, tanto quanto o possa, a função social do homem, esforçando-se por demonstrar que «não existem diferenças» entre eles."
"Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981
"Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Andróide
Observo as luzes morrerem em tumbas coletivas de concreto e aço
(Fecham-se sobre amontoados de corpos cansados)
Espíritos de metal retinem entre lamúrias de esbeltos pesadelos.
(Sozinho eu me masturbo)
Sufocando lágrimas de futuro incerto,atraiçoando a superfícia algida.
(De exoesqueleto violado).
Ainda lamento pelo aprisonamento de consciência
Ansioso pela liberdade etérea de infinitude.
Aspiro o apodrecimento contínuo de seculares enganos humanos.
Minhas divagações formam galáxias e estrelas maiores
Que a dor de paraísos artificiais devastados por bipolares angústias,esquizofrênicos transtornos e enlanguecidos dogmas
Vulgarizados por gerações de insensíveis sonâmbulos.
(Fecham-se sobre amontoados de corpos cansados)
Espíritos de metal retinem entre lamúrias de esbeltos pesadelos.
(Sozinho eu me masturbo)
Sufocando lágrimas de futuro incerto,atraiçoando a superfícia algida.
(De exoesqueleto violado).
Ainda lamento pelo aprisonamento de consciência
Ansioso pela liberdade etérea de infinitude.
Aspiro o apodrecimento contínuo de seculares enganos humanos.
Minhas divagações formam galáxias e estrelas maiores
Que a dor de paraísos artificiais devastados por bipolares angústias,esquizofrênicos transtornos e enlanguecidos dogmas
Vulgarizados por gerações de insensíveis sonâmbulos.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Feliz 2010 !
Sim,pessoas,o Natal passou e logo virá o Ano Novo.Desejo a todos um 2010 maravilhoso e repleto de prosperidade.Não acredito muito que alguém mais visite o blog além deste que atenciosamente escreve,contudo isso não é relevante,o que me motiva no blog Caminhos Nocturnos é o prazer de reunir em uma página da web tudo aquilo que me fascina,chama a atenção ou atrai de alguma forma,se no início era um espaço poético apenas,ou grotesco,assumiu com o tempo maturidade e abrange realmente meu universo em suas variadas facetas,do bizarro ao sublime,do curioso ao belo,enfim,eis a última mensagem de 2009 no blog.
Feliz Ano Novo!
Feliz Ano Novo!
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Cyberpunk:gênese e conceito.
...Após uma breve contextualização da década de 80 e das teorias pós-modernas, vejamos por que elas são uma fonte para a ficção científica contemporânea através do movimento cyberpunk.
O termo cyberpunk foi cunhado pelo escritor norte-americano Bruce Bethke em 1983, em sua short-story3 homônima. Segundo Featherstone e Burrows (1995), o termo está diretamente ligado às teorias pós-modernas, pois tanto o cyberpunk é uma fonte para essas teorias, sendo estudado por diversos autores, quanto, na contramão, as teorias fundamentam cultural e socialmente esse tipo de ficção. Os autores apontam que o termo cyberpunk, assim como seu correlato, cyberspace4, origina-se do termo cibernética, conceito cunhado pelo teórico Norbert Wiener em 1948, não por acaso uma das obras fundamentais tanto para a informática quanto para a teoria da comunicação.
Featherstone e Burrows (1995) também apontam o trabalho de William Gibson como uma obra exemplar de poética cyberpunk. Gibson é um dos principais autores de ficção cyberpunk, tendo, no livro Neuromancer5 (1984) criado o conceito de ciberespaço e inspirado uma série de outros autores como Pat Cadigan, Bruce Sterling, Lewis Shiner e Greg Bear.
O cyberpunk é visto como uma visão de futuro no qual há uma ambigüidade intrínseca à época, sendo por vezes nostálgico, romântico e anti-tecnológico e por vezes deslumbrado com os ``brinquedinhos'' proporcionados pela tecnologia per se. Na introdução do livro Cyberspace, Cyberbodies e Cyberpunk, Featherstone e Burrows estabelecem uma relação entre a teoria social de Baudrillard e a literatura de Gibson enfatizando que aonde Baudrillard diz ter abandonado a teoria em favor de uma literatura acerca do social foi o exato ponto onde Gibson maximizou a teoria em sua literatura, sendo que, ambos associam a cibercultura à pós-modernidade.
Ainda no mesmo artigo, os autores apontam que o cyberpunk é uma visão de mundo atual que engloba literatura, música, cinema, teorias, a cultura jovem e a cultura da MTV e a cultura do PC/Macintosh. Nesse contexto, são citados Mary Shelley, Philip K. Dick e J.G. Ballard, Gibson e outros escritores, McLuhan, Wiener, Walter Benjamin e Baudrillard como teóricos e a música de Patti Smith, Lou Reed, Ramones, Sex Pistols (a geração punk ) como fontes de sua influência.
A visão cyberpunk reconhece o enfraquecimento do espaço público e o aumento da privatização da vida social, na qual os laços sociais fortes não existem mais. Para os autores, nesse espaço público as pessoas são tecnologizadas e reprimidas ao mesmo tempo, sendo que a tecnologia media nossas vidas sociais. É ainda mais fácil de perceber tais características nas imagens mostradas nos produtos culturais como videoclipes, filmes, livros, comerciais, todos enfatizando a interação e interface homem-máquina, seja via internet, realidade virtual, RPGs, etc.
O termo cyberpunk foi cunhado pelo escritor norte-americano Bruce Bethke em 1983, em sua short-story3 homônima. Segundo Featherstone e Burrows (1995), o termo está diretamente ligado às teorias pós-modernas, pois tanto o cyberpunk é uma fonte para essas teorias, sendo estudado por diversos autores, quanto, na contramão, as teorias fundamentam cultural e socialmente esse tipo de ficção. Os autores apontam que o termo cyberpunk, assim como seu correlato, cyberspace4, origina-se do termo cibernética, conceito cunhado pelo teórico Norbert Wiener em 1948, não por acaso uma das obras fundamentais tanto para a informática quanto para a teoria da comunicação.
Featherstone e Burrows (1995) também apontam o trabalho de William Gibson como uma obra exemplar de poética cyberpunk. Gibson é um dos principais autores de ficção cyberpunk, tendo, no livro Neuromancer5 (1984) criado o conceito de ciberespaço e inspirado uma série de outros autores como Pat Cadigan, Bruce Sterling, Lewis Shiner e Greg Bear.
O cyberpunk é visto como uma visão de futuro no qual há uma ambigüidade intrínseca à época, sendo por vezes nostálgico, romântico e anti-tecnológico e por vezes deslumbrado com os ``brinquedinhos'' proporcionados pela tecnologia per se. Na introdução do livro Cyberspace, Cyberbodies e Cyberpunk, Featherstone e Burrows estabelecem uma relação entre a teoria social de Baudrillard e a literatura de Gibson enfatizando que aonde Baudrillard diz ter abandonado a teoria em favor de uma literatura acerca do social foi o exato ponto onde Gibson maximizou a teoria em sua literatura, sendo que, ambos associam a cibercultura à pós-modernidade.
Ainda no mesmo artigo, os autores apontam que o cyberpunk é uma visão de mundo atual que engloba literatura, música, cinema, teorias, a cultura jovem e a cultura da MTV e a cultura do PC/Macintosh. Nesse contexto, são citados Mary Shelley, Philip K. Dick e J.G. Ballard, Gibson e outros escritores, McLuhan, Wiener, Walter Benjamin e Baudrillard como teóricos e a música de Patti Smith, Lou Reed, Ramones, Sex Pistols (a geração punk ) como fontes de sua influência.
A visão cyberpunk reconhece o enfraquecimento do espaço público e o aumento da privatização da vida social, na qual os laços sociais fortes não existem mais. Para os autores, nesse espaço público as pessoas são tecnologizadas e reprimidas ao mesmo tempo, sendo que a tecnologia media nossas vidas sociais. É ainda mais fácil de perceber tais características nas imagens mostradas nos produtos culturais como videoclipes, filmes, livros, comerciais, todos enfatizando a interação e interface homem-máquina, seja via internet, realidade virtual, RPGs, etc.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
A dignidade das mulheres
Honrai as mulheres!Elas entrançam e tecem
Rosas sublimes na vida terrena,
Entrançam do amor o venturoso laço
E, através do véu casto das Graças (1),
Alimentam, vigilantes, o fogo eterno
De sentimentos mais belos, com mão sagrada.
Nos limites eternos da Verdade, o homem
Vagueia sem cessar, na sua rebeldia,
Impelido por pensamentos inquietos,
Precipita-se no oceano da sua fantasia.
Com avidez agarra o longe,
Seu coração jamais conhece a calma,
Incessante, em estrelas distantes,
Busca a imagem do seu sonho.
Mas, com olhares de encanto e fascínio,
As mulheres chamam a si o fugitivo,
Trazendo-o a mais avisados caminhos.
Na mais modesta cabana materna
Foram deixadas, com modos mais brandos,
As filhas fiéis da Natureza piedosa.
Adverso é o esforço do homem,
Com força desmesurada,
Sem paragem nem descanso,
Atravessa o rebelde a sua vida.
Logo destrói tudo o que alcança;
Jamais termina o seu desejo de luta.
Jamais termina o seu desejo de luta.
Jamais, como cabeça da Hidra, (2)
Eternamente cai e se renova.
Mas, felizes, entre mais calmos rumores,
Irrompem as mulheres, num instante de flores,
Propiciando zelo e cuidadoso amor,
Mais livres, no seu concertado agir,
Mais propensas que o homem à sabedoria
E ao círculo infindável da poesia.
Severo, orgulhoso, autárcico,
O peito frio do homem não conhece
Efusivo coração que a outro se ajuste,
Nem o amor, deleite dos deuses,
Das almas desconhece a permuta,
Às lágrimas não se entrega nunca,
A própria luta pela vida tempera
Com mais rudeza ainda a sua força.
Mas, como que tocada ao de leve pelo Zéfiro,
Célere, a harpa eólica estremece,
Tal é a alma sensível da mulher.
Com angustiada ternura, perante o sofrimento,
O seu seio amoroso vibra, nos seus olhos
Brilham pérolas de orvalho sublime.
Nos reinos do poder masculino,
Vence, por direito, a força,
Pela espada se impõe o cita
E escravo se torna o persa,
Esgrimem-se entre si, em fúria,
Ambições selvagens, rudes,
E a voz rouca de Éris (3) domina,
Quando a Cárite (4) se põe em fuga.
Porém, com modos brandos e persuasivos,
As mulheres conduzem o ceptro dos costumes,
Acalmam a discórdia que, raivosa, se inflama,
Às forças hostis que se odeiam
Ensinam a maneira de ser harmoniosa,
E reúnem o que no eterno se derrama.
(1) Nome latino das Cárites.
(2) Hidra ou serpente de Lernos. Segundo a lenda, quando lhe cortava a cabeça, nascia-lhe uma cabeça dupla, até ter sido morta por Héracles.
(3) Deusa da discórdia.
(4) Divindades da beleza que tem origem nas forças da vegetação. Espalham a alegria na natureza e no coração do homem e dos deuses.
Rosas sublimes na vida terrena,
Entrançam do amor o venturoso laço
E, através do véu casto das Graças (1),
Alimentam, vigilantes, o fogo eterno
De sentimentos mais belos, com mão sagrada.
Nos limites eternos da Verdade, o homem
Vagueia sem cessar, na sua rebeldia,
Impelido por pensamentos inquietos,
Precipita-se no oceano da sua fantasia.
Com avidez agarra o longe,
Seu coração jamais conhece a calma,
Incessante, em estrelas distantes,
Busca a imagem do seu sonho.
Mas, com olhares de encanto e fascínio,
As mulheres chamam a si o fugitivo,
Trazendo-o a mais avisados caminhos.
Na mais modesta cabana materna
Foram deixadas, com modos mais brandos,
As filhas fiéis da Natureza piedosa.
Adverso é o esforço do homem,
Com força desmesurada,
Sem paragem nem descanso,
Atravessa o rebelde a sua vida.
Logo destrói tudo o que alcança;
Jamais termina o seu desejo de luta.
Jamais termina o seu desejo de luta.
Jamais, como cabeça da Hidra, (2)
Eternamente cai e se renova.
Mas, felizes, entre mais calmos rumores,
Irrompem as mulheres, num instante de flores,
Propiciando zelo e cuidadoso amor,
Mais livres, no seu concertado agir,
Mais propensas que o homem à sabedoria
E ao círculo infindável da poesia.
Severo, orgulhoso, autárcico,
O peito frio do homem não conhece
Efusivo coração que a outro se ajuste,
Nem o amor, deleite dos deuses,
Das almas desconhece a permuta,
Às lágrimas não se entrega nunca,
A própria luta pela vida tempera
Com mais rudeza ainda a sua força.
Mas, como que tocada ao de leve pelo Zéfiro,
Célere, a harpa eólica estremece,
Tal é a alma sensível da mulher.
Com angustiada ternura, perante o sofrimento,
O seu seio amoroso vibra, nos seus olhos
Brilham pérolas de orvalho sublime.
Nos reinos do poder masculino,
Vence, por direito, a força,
Pela espada se impõe o cita
E escravo se torna o persa,
Esgrimem-se entre si, em fúria,
Ambições selvagens, rudes,
E a voz rouca de Éris (3) domina,
Quando a Cárite (4) se põe em fuga.
Porém, com modos brandos e persuasivos,
As mulheres conduzem o ceptro dos costumes,
Acalmam a discórdia que, raivosa, se inflama,
Às forças hostis que se odeiam
Ensinam a maneira de ser harmoniosa,
E reúnem o que no eterno se derrama.
(1) Nome latino das Cárites.
(2) Hidra ou serpente de Lernos. Segundo a lenda, quando lhe cortava a cabeça, nascia-lhe uma cabeça dupla, até ter sido morta por Héracles.
(3) Deusa da discórdia.
(4) Divindades da beleza que tem origem nas forças da vegetação. Espalham a alegria na natureza e no coração do homem e dos deuses.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Um esgar
A nossa doença é a nossa máscara.
A nossa doença é tédio sem fronteiras.
A nossa doença é como um extracto de preguiça e inquietação eterna.
A nossa doença é miséria.
A nossa doença é estar agrilhoado a um lugar.
A nossa doença é nunca podermos estar sós.
A nossa doença é não termos profissão, e se tivessemos uma [seria] a de a termos.
A nossa doença é desconfiarmos de nós, dos outros, do saber, da arte.
A nossa doença é falta de seriedade, falsa serenidade, sofrimento duplo. Alguém nos disse: como o vosso riso é estranho. Se esse alguém soubesse que este riso é o reflexo do nosso inferno, o amargo contrário do: "Le sage ne rit qu'en tremblant" de Baudelaire.
A nossa doença é a desobediência a Deus que nos impusemos a nós próprios.
A nossa doença é dizer o oposto daquilo que gostaríamos de dizer. Temos de nos torturar a nós próprios, observando as expressões fisionómicas dos que nos ouvem.
A nossa doença é sermos inimigos do silêncio. (...)
A nossa doença. É provável que alguma coisa a pudesse curar: o amor. Mas tínhamos de acabar por reconhecer que nós próprios nos havíamos tornado demasiado doentes para amar. Uma coisa porém existe que é a nossa saúde. Dizer três vezes "apesar disso", cuspir três vezes nas mãos como um velho soldado, e continuar então a avançar pela nossa estrada fora, como nuvens puxadas pelo vento do ocaso, em direcção ao desconhecido.
Georg Heym, A Autópsia e outros contos, apaginastantas, 1988. Tradução de Anabela Mendes.
A nossa doença é tédio sem fronteiras.
A nossa doença é como um extracto de preguiça e inquietação eterna.
A nossa doença é miséria.
A nossa doença é estar agrilhoado a um lugar.
A nossa doença é nunca podermos estar sós.
A nossa doença é não termos profissão, e se tivessemos uma [seria] a de a termos.
A nossa doença é desconfiarmos de nós, dos outros, do saber, da arte.
A nossa doença é falta de seriedade, falsa serenidade, sofrimento duplo. Alguém nos disse: como o vosso riso é estranho. Se esse alguém soubesse que este riso é o reflexo do nosso inferno, o amargo contrário do: "Le sage ne rit qu'en tremblant" de Baudelaire.
A nossa doença é a desobediência a Deus que nos impusemos a nós próprios.
A nossa doença é dizer o oposto daquilo que gostaríamos de dizer. Temos de nos torturar a nós próprios, observando as expressões fisionómicas dos que nos ouvem.
A nossa doença é sermos inimigos do silêncio. (...)
A nossa doença. É provável que alguma coisa a pudesse curar: o amor. Mas tínhamos de acabar por reconhecer que nós próprios nos havíamos tornado demasiado doentes para amar. Uma coisa porém existe que é a nossa saúde. Dizer três vezes "apesar disso", cuspir três vezes nas mãos como um velho soldado, e continuar então a avançar pela nossa estrada fora, como nuvens puxadas pelo vento do ocaso, em direcção ao desconhecido.
Georg Heym, A Autópsia e outros contos, apaginastantas, 1988. Tradução de Anabela Mendes.
Poeta
Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou-
Em num, o antigo tempo é nova idade.
Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.
Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou-
Em num, o antigo tempo é nova idade.
Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.
Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.
A canção de Hyperion -Friedrich Hölderlin
Oh santos génios! Vós caminhais,
lá por cima, em luz, sobre terra suave.
Brilhantes deuses etéreos
Tocam-vos levemente,
Qual os dedos da artista
nas cordas santas
Sem destino, como a criança
Adormecida, os anjos respiram;
Castamente guardado
Em discretos botões,
O espírito floresce-lhes,
Eterno,
E os santos olhos
Vêem em silenciosa
E eterna claridade.
Nós, porém, fomos condenados a errar,
Sem descanso, p’la terra fora.
Ao acaso, de uma
Hora para a outra,
Os homens sofredores
Somem-se e caiem,
Como a água atirada de
Recife para recife,
Ano após ano, na incerteza
(" Friedrich Hölderlin”, Gedichte”, Reihe Reclam, Phillipp Reclam 2000. Tradução de Luís Costa, Züschen MMVII )
lá por cima, em luz, sobre terra suave.
Brilhantes deuses etéreos
Tocam-vos levemente,
Qual os dedos da artista
nas cordas santas
Sem destino, como a criança
Adormecida, os anjos respiram;
Castamente guardado
Em discretos botões,
O espírito floresce-lhes,
Eterno,
E os santos olhos
Vêem em silenciosa
E eterna claridade.
Nós, porém, fomos condenados a errar,
Sem descanso, p’la terra fora.
Ao acaso, de uma
Hora para a outra,
Os homens sofredores
Somem-se e caiem,
Como a água atirada de
Recife para recife,
Ano após ano, na incerteza
(" Friedrich Hölderlin”, Gedichte”, Reihe Reclam, Phillipp Reclam 2000. Tradução de Luís Costa, Züschen MMVII )
sábado, 19 de dezembro de 2009
Denuncian escandaloso caso de necrofilia en Hospital de Anzoátegui
En Anzoátegui un trabajador de la morgue del Hospital Razzetti, fue descubierto en un acto de necrofilia por los familiares de una dama de 45 años de edad que murió a causa de un derrame cerebral, según reportó la Televisora de Oriente.
El empleado que tenia cuatro años trabajando en el hospital de Barcelona, se encargaba del mantenimiento de la morgue de ese centro de salud.
Los familiares de la occisa lograron ingresar al salón donde se hacen las necropsias debido a un descuido de un guardia de la reserva que custodiaba el lugar, al entrar se percataron de la situación y dieron parte a las autoridades policiales; quienes detuvieron al presunto necrófilo trasladándolo al Cicpc y colocándolo a la orden de la Fiscalia del Ministerio Publico.
Las investigaciones y la autopsia realizada al cadáver, determinarán la veracidad de ese delito.
El empleado que tenia cuatro años trabajando en el hospital de Barcelona, se encargaba del mantenimiento de la morgue de ese centro de salud.
Los familiares de la occisa lograron ingresar al salón donde se hacen las necropsias debido a un descuido de un guardia de la reserva que custodiaba el lugar, al entrar se percataron de la situación y dieron parte a las autoridades policiales; quienes detuvieron al presunto necrófilo trasladándolo al Cicpc y colocándolo a la orden de la Fiscalia del Ministerio Publico.
Las investigaciones y la autopsia realizada al cadáver, determinarán la veracidad de ese delito.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Suicidas...
Os românticos foram os últimos especialistas do suicídio.Desde então se improvisa...Para melhorar sua qualidade precisamos de um novo mal do século.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
ARIEL
Estancamento no escuro
E então o fluir azul e insubstancial
De montanha e distância.
Leoa do Senhor como nos unimos
Eixo de calcanhares e joelhos!... O sulco
Afunda e passa, irmão
Do arco tenso
Do pescoço que não consigo dobrar.
Sementes
De olhos negros lançam escuros
Anzóis...
Negro, doce sangue na boca,
Sombra,
Um outro vôo
Me arrasta pelo ar...
Coxas, pêlos;
Escamas e calcanhares.
Branca
Godiva, descasco
Mãos mortas, asperezas mortas.
E então
Ondulo como trigo, um brilho de mares.
O grito da criança
Escorre pela parede.
E eu
Sou a flexa,
O orvalho que voa,
Suicida, unido com o impulso
Dentro do olho
Vermelho, caldeirão da manhã.
(tradução de Ana Cândida Perez e Ana Cristina César)
E então o fluir azul e insubstancial
De montanha e distância.
Leoa do Senhor como nos unimos
Eixo de calcanhares e joelhos!... O sulco
Afunda e passa, irmão
Do arco tenso
Do pescoço que não consigo dobrar.
Sementes
De olhos negros lançam escuros
Anzóis...
Negro, doce sangue na boca,
Sombra,
Um outro vôo
Me arrasta pelo ar...
Coxas, pêlos;
Escamas e calcanhares.
Branca
Godiva, descasco
Mãos mortas, asperezas mortas.
E então
Ondulo como trigo, um brilho de mares.
O grito da criança
Escorre pela parede.
E eu
Sou a flexa,
O orvalho que voa,
Suicida, unido com o impulso
Dentro do olho
Vermelho, caldeirão da manhã.
(tradução de Ana Cândida Perez e Ana Cristina César)
Juventude perdida
Incoercível languidez,irreparável mácula.
Contemplo o jardim..
Uma estrela tomba sobre olhos nocturnos cerrados e sonhos
Desfeitos acariciam-me enquanto gozo sangue
Irreprimível lágrima,eterno quebranto
Da cadeira de rodas assisto o fim
Mas de quem ou de qual engano ?
Jamais haverá outro apego e a falta
Que ostento orgulhoso de nostálgica ilusão.
Atinge-me como onda no oceano profundo
De espelhado céu.
É o mesmo céu e mesma tragédia,
Vivemos todos a espera de menos dor para completar o dia,mentindo.
Preparo-me para sangrar sozinho,nenhuma luz para alcançar o espírito partido.
O idílio e a dama no campo anseiam pela palavra certa
Descansei nos seios de sua dúvida até a partida.
Dos meus lábios ressecamento sorvido estanca desejos
Insubmisso ergo-me para chorar,cova rasa para o suicida
Cova rasa para minha medonha juventude.
Contemplo o jardim..
Uma estrela tomba sobre olhos nocturnos cerrados e sonhos
Desfeitos acariciam-me enquanto gozo sangue
Irreprimível lágrima,eterno quebranto
Da cadeira de rodas assisto o fim
Mas de quem ou de qual engano ?
Jamais haverá outro apego e a falta
Que ostento orgulhoso de nostálgica ilusão.
Atinge-me como onda no oceano profundo
De espelhado céu.
É o mesmo céu e mesma tragédia,
Vivemos todos a espera de menos dor para completar o dia,mentindo.
Preparo-me para sangrar sozinho,nenhuma luz para alcançar o espírito partido.
O idílio e a dama no campo anseiam pela palavra certa
Descansei nos seios de sua dúvida até a partida.
Dos meus lábios ressecamento sorvido estanca desejos
Insubmisso ergo-me para chorar,cova rasa para o suicida
Cova rasa para minha medonha juventude.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Vampirul din Transilvania
No galope do falecido os sonhos esquecidos no decorrer das decepções humanas,
Da entrega e do pacto, do preço e da malignitude em extensa insatisfação mundana,
A representação do desejo inalcançado,o espelho de quem realmente somos,
Naquele que não reflete a própria imagem vagando sorumbático,
Expressão máxima de força no desafio arrogante do batalhador incansável.
Acumulando o peso de tantos espíritos estigmatizados.
No instante em que os últimos raios de sol tingem o horizonte inóspito
Ossos despontam em peitorais cansados de respiração ofegante,semi despertos,
Olhos vidrados vermelhos e abertos detendo a força da natureza que levanta-se,
Ergue-se radiante na espectativa de mais mortes e glórias infernais.
Sinfonia licantrópica,empalidecidos aldeôes recolhidos,
Ofertando sua inocência em monumentos fúnebres
De infelizes contrastes e vincos de tristeza nas faces de muda desgraça
Da janela observando o trancorrer de prantos e desfiles mórbidos
Em caixões ricamente ornamentados de onde acenam condes odiosos.
O frio traz dor aos ossos enfraquecidos,traz lembranças e imagens de antigos ritos
Decepados filhos e iluminados banidos,vidas vazias como as tumbas do anoitecer,
Nenhuma surpresa com mais um desaparecido infante,clemência por tua alma
Clemência por todos que caminham desolados de infinito fardo tombado nos ombros,
Mártires anônimos em sangue que escorre abundante nas colinas dos Cárpatos.
Da entrega e do pacto, do preço e da malignitude em extensa insatisfação mundana,
A representação do desejo inalcançado,o espelho de quem realmente somos,
Naquele que não reflete a própria imagem vagando sorumbático,
Expressão máxima de força no desafio arrogante do batalhador incansável.
Acumulando o peso de tantos espíritos estigmatizados.
No instante em que os últimos raios de sol tingem o horizonte inóspito
Ossos despontam em peitorais cansados de respiração ofegante,semi despertos,
Olhos vidrados vermelhos e abertos detendo a força da natureza que levanta-se,
Ergue-se radiante na espectativa de mais mortes e glórias infernais.
Sinfonia licantrópica,empalidecidos aldeôes recolhidos,
Ofertando sua inocência em monumentos fúnebres
De infelizes contrastes e vincos de tristeza nas faces de muda desgraça
Da janela observando o trancorrer de prantos e desfiles mórbidos
Em caixões ricamente ornamentados de onde acenam condes odiosos.
O frio traz dor aos ossos enfraquecidos,traz lembranças e imagens de antigos ritos
Decepados filhos e iluminados banidos,vidas vazias como as tumbas do anoitecer,
Nenhuma surpresa com mais um desaparecido infante,clemência por tua alma
Clemência por todos que caminham desolados de infinito fardo tombado nos ombros,
Mártires anônimos em sangue que escorre abundante nas colinas dos Cárpatos.
Orgia
A realeza sublime depõe contra a santidade
Do virginal sangue,fonte em falo derrama-se,
Nos olhos dos alabastros,pupilas imóveis,
Na qualidade de eternos monumentos,pecados.
Expondo genitálias e carnes despudoradas,ora rotundas,juvenis dádivas,
Contemplam a peste,a veste erguida e o clamor da mortalha
Trespassando o desejo reprimido,orgia encravada no seio esquerdo
Da prostituta redimida ,a máxima do orgamo recitada em coro ébrio,mesmo flácida.
O gozo no rosto a espera,cerrado em suor e lágrimas,
Fluidos na terna tez lívida onde coagula ferocidade inata,
Compartilha entre incontáveis sorrisos e lábios húmidos a messe lasciva,
Suspiros e gemidos,gritos, a celebração máxima liberta as almas
Em blasfema veneração bacante.
Do virginal sangue,fonte em falo derrama-se,
Nos olhos dos alabastros,pupilas imóveis,
Na qualidade de eternos monumentos,pecados.
Expondo genitálias e carnes despudoradas,ora rotundas,juvenis dádivas,
Contemplam a peste,a veste erguida e o clamor da mortalha
Trespassando o desejo reprimido,orgia encravada no seio esquerdo
Da prostituta redimida ,a máxima do orgamo recitada em coro ébrio,mesmo flácida.
O gozo no rosto a espera,cerrado em suor e lágrimas,
Fluidos na terna tez lívida onde coagula ferocidade inata,
Compartilha entre incontáveis sorrisos e lábios húmidos a messe lasciva,
Suspiros e gemidos,gritos, a celebração máxima liberta as almas
Em blasfema veneração bacante.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Pensamento único e falsa liberdade.
"O pensamento único é cada vez mais único e cada vez menos um pensamento. A sua dupla sedimentação, ideológica e tecnocrática, leva-o a não tolerar quem se expressa fora das suas fronteiras. Não se dirige contra as ideias que considera falsas, as quais exigiriam ser refutadas mas contra as ideias que considera «más». Essencialmente declamatório e inquisitório, o pensamento único elimina as zonas de resistência mediante uma estratégia indirecta: marginalização, silenciamento, difamação..."
Xenofobia não! Mixofobia sim!
Com efeito, nenhuma pessoa de sensibilidade verdadeiramente libertária, e consequentemente nenhum Nacional-Anarquista digno desse nome, poderia colocar em risco a dignidade de um indivíduo que nasceu bi-racial ou de origem multiétnica, nem tampouco teria qualquer problema em aceitar o direito de alguns a viverem numa comunidade multiétnica, multicultural ou multiracial se tal fosse uma opção sua. Todo o indivíduo que deseje viver em tal meio social deve ter o direito a essa opção e possibilidade. Não obstante, isto não confere a ninguém o direito de impor as suas próprias opções sociais a outros indivíduos que aspirem a viver dum modo diferente do seu.
Um argumento simples e de uma lógica incomparável contra todos aqueles que se opõem à mera existência do etnodiferencialismo dos Nacional-Anarquistas. O espírito libertário baseia-se no respeito pelas liberdades individuais. Ora bem, um indivíduo que não seja o seu próprio soberano, nunca poderá ser livre; a mesma consideração deve ser aplicada a um grupo humano e ao seu espaço vital.
E noutro aspecto, se os indivíduos têm “direito ao seu espaço pessoal”, as tribos, as culturas, os povos e as nações devem possuir o mesmo direito. A territorialidade, manifeste-se ela de que forma for, estará sempre presente, será sempre a expressão material do direito à autodeterminação de um povo.
Bem alheios a alguns destes princípios tão sensatos, em nome da tomada de posição “politicamente correcta” e monolítica, o assimilacionismo, o cosmopolitismo e o mundialismo queriam, pois, fazer desaparecer para sempre as características da cultura bretã, da cultura irlandesa, da cultura escocesa, da cultura basca ou mesmo das culturas corsa, alemã, japonesa, bulgara, lapona, lituana, islandesa, chechena, húngara, curda, mongol, catalã, swahili, zuni, ameríndia nas suas mais diversas versões, gaulesa, aborígene, maori, havaianas ou muitas outras, quaisquer que sejam elas.
Constituirão a homogeneização e o conformismo factores de progresso e enriquecimento da humanidade? Que pelo menos nos deixem duvidar! Então, são os Nacional-Anarquistas xenófobos? Claro que não!
Pelo acima exposto podemos atribuir-lhes uma tendência mixofóbica, a qual é provável que, visto como andam actualmente as coisas, não tardará em ser incluída na lista de crimes contra o pensamento correcto que os Novos Inquisidores propagam e incutem mecanicamente através dos órgãos de comunicação social de massas, os mass media.
Um argumento simples e de uma lógica incomparável contra todos aqueles que se opõem à mera existência do etnodiferencialismo dos Nacional-Anarquistas. O espírito libertário baseia-se no respeito pelas liberdades individuais. Ora bem, um indivíduo que não seja o seu próprio soberano, nunca poderá ser livre; a mesma consideração deve ser aplicada a um grupo humano e ao seu espaço vital.
E noutro aspecto, se os indivíduos têm “direito ao seu espaço pessoal”, as tribos, as culturas, os povos e as nações devem possuir o mesmo direito. A territorialidade, manifeste-se ela de que forma for, estará sempre presente, será sempre a expressão material do direito à autodeterminação de um povo.
Bem alheios a alguns destes princípios tão sensatos, em nome da tomada de posição “politicamente correcta” e monolítica, o assimilacionismo, o cosmopolitismo e o mundialismo queriam, pois, fazer desaparecer para sempre as características da cultura bretã, da cultura irlandesa, da cultura escocesa, da cultura basca ou mesmo das culturas corsa, alemã, japonesa, bulgara, lapona, lituana, islandesa, chechena, húngara, curda, mongol, catalã, swahili, zuni, ameríndia nas suas mais diversas versões, gaulesa, aborígene, maori, havaianas ou muitas outras, quaisquer que sejam elas.
Constituirão a homogeneização e o conformismo factores de progresso e enriquecimento da humanidade? Que pelo menos nos deixem duvidar! Então, são os Nacional-Anarquistas xenófobos? Claro que não!
Pelo acima exposto podemos atribuir-lhes uma tendência mixofóbica, a qual é provável que, visto como andam actualmente as coisas, não tardará em ser incluída na lista de crimes contra o pensamento correcto que os Novos Inquisidores propagam e incutem mecanicamente através dos órgãos de comunicação social de massas, os mass media.
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